segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Resenha: A Garota que Você Deixou Para Trás, de Jojo Moyers.


Olá caros leitores!


Fico muito feliz em anunciar que temos mais uma colaboradora para o Universo na Estante. O nome dela é Laura Ribeiro, também faz Direito, e nós conhecemos no nosso 1° ano do Ensino Médio. Novamente, o que nos deixou mais unidas foi a leitura e a escrita. Vivíamos trocando livros, cada uma pedindo os livros da outra que achava interessante e depois comentando sobre o que havíamos gostado mais. Suspiramos por muitos personagens, e odiamos outros, juntas. Ok, a quem estamos enganando? Ainda fazemos isso!

E ela já estreia no Blog com uma resenha! Esperamos que vocês gostem!


- Mariana Estrela.

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“Imagine só. [...] O que a gente perde. Só tentando se agarrar a umas poucas coisas.”


Essa frase certamente resume bem esse livro para mim. A história de A Garota que Você Deixou Para Trás fala sobre arriscar tudo por aquilo e por aqueles que ama, mas ao mesmo tempo saber quando se deixar libertar, justamente para se reencontrar.


Este livro é o terceiro da autora Jojo Moyes publicado pela Editora Intrínseca no Brasil. Os outros são “A Última Carta de Amor” e “Como Eu Era Antes de Você”.  Há outros títulos da autora traduzidos para o português, mas é provável que suas edições estejam esgotadas.

A Garota que Você Deixou Para Trás, ou A garota, como você aprende a chamar durante o livro, acompanhaa ligação de duas histórias que é feita por um quadro durante 100 anos, período esse em que ele foi “perdido” e “achado”. O quadro liga a história de duas mulheres: Sophie Lefevré, francesa cuja família está sendo devastada diante da invasão da França pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial; e Liv Halston, jovem nos dias atuais em Londres, viúva do amado marido, arquiteto renomado, que lhe presentou com o quadro na lua de mel deles. O quadro é um retrato de Sophie, feito por seu marido Edouard, e ele nos leva por uma viagem à França ocupada pelos alemães e, ao mesmo tempo,muda a vida de Liv para sempre.

Sophie e Liv são personagens diferentes e ao mesmo tempo muito parecidas. A diferença é que para Sophie a vida não oferecia alternativa. Era ser forte ou ser forte, pelo próprio futuro, de seu amado Edouard que estava no front de batalha, e de sua família. Liv, após a morte precoce e súbita de David, o qual ela considerava o seu grande amor, se fecha na casa deles, a Casa de Vidro. A casa, uma das criações de David era, praticamente toda feita de deste material, à beira do rio Tâmisa. A descrição da casa por si só é muito interessante. O material usado na casa é predominantemente vidro, e tudo dentro da casa é minimalista e funcional. David odiava o supérfluo. Os únicos cômodos com o vidro obscurecidos – que não dá para ver de fora para dentro e nem vice versa - são os banheiros, e, nas palavras de Liv, David teve que ser persuadido para que ali também não houvesse a transparência predominante na casa, de se poder ver o que acontece fora, mas não o contrário. Há um teto com uma claraboia retrátil, que revela um céu estrelado para uma Liv, de início, preocupada com as contas que não tem como pagar e na hipoteca da casa, além de, claro, lidar com o vazio e com a mudança que ocorre em sua vida depois que David morre. As duas personagens, entretanto, são muito fortes. Sophie em sua esperança e fé inabaláveis e Liv, como bem diz seu pai, sendo heroína o suficiente para continuar “tocando o barco”. 

Moyes alterna as duas histórias, de épocas e contextos tão diferentes, com maestria, de forma parecida com a que escreveu A última Carta de Amor. Quando você não aguenta de ansiedade para ver o que vai acontecer na nem tão pacata vila de St Péronne, onde Sophie mora, o capítulo seguinte começa a contar a história de uma perdida Liv, que não reconhece mais a si mesma depois da morte do marido e ainda é alvo de amigas que querem lhe ajuda a encontrar um novo amor. Quando então você quer saber o que vai acontecer entre Liv e Paul – Ah, Paul! – se ela finalmente vai se permitir a chance de ser feliz e como os dois vão lidar com a situação do quadro, o próximo capítulo descreve uma Sophie preocupada que esteja colaborando demais com os alemães, mesmo que os seus motivos para ela fossem os mais sagrados e claros possíveis – Edouard e sua família. Colaborar seria a palavra usada pelas idosas fofoqueiras da vila. Sophie e a irmã passaram a cozinhar para os oficiais alemães e isso lhes rendeu uma má fama com seus conterrâneos. Como se elas tivessem outra opção com duas crianças e um adolescente em casa para alimentar, em uma cidade em que quase todos estavam quase em estado de inanição; além de claro, o fato de não ser muito inteligente resistir às “gentis” ordens dos alemães.

É importante dizer, Liv descobre a história por trás do quadro um pouco depois dos leitores. Até um certo momento, ela só sabe que o quadro se chama A garota que Você Deixou Para Trás e que aquele retrato sempre a desperta emoções diversas. Liv não poderia imaginar a história por trás dele, até que um certo Paul McCafferty cruza sua vida. Americano, Paul veio para Londres para tentar ajustar seu casamento com uma inglesa, a qual estava infeliz morando na América. O casamento, entretanto, não dá certo e Paul vive entre visitar o irmão no bar, as visitas de Jake, seu filho e o trabalho. Este é justamente recuperar obras de artes que foram roubadas e perdidas há muito tempo. É claro que Liv não vai lidar bem com isso, ao descobrir que seu amado quadro pode ser tirado de suas mãos e que o responsável por isso possa ser justamente Paul. Há ainda uma interessante dinâmica entre Liv e Mo. Ela é uma antiga conhecida que Liv reencontra ao tentar fugir de um encontro arranjado. Mo é descrita como gótica, é extremamente direta, e divide seu tempo entre ser garçonete em um restaurante – sendo gentil com os bons clientes e armando peças para os não tão bons - e dar assistência a um lar de idosos.

O livro em si não é livre de defeitos. Há falhas, que acredito serem resultado da tradução, mas não posso afirmar com certeza. Há palavras que são colocadas fora do lugar, fazendo o ritmo diminuir um pouco. E há problemas com pronomes, acontecendo de em alguns poucos momentos não se saber sobre quem o narrador está falando. Mas o livro em geral é muito bem escrito, alternando entre duas histórias tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas. Fala sobre superação, fé, força e aprender a se libertar. É como essas duas mulheres conseguiram ser heroínas ao seu modo.

A garota que você deixou para trás a primeira vista pode parecer contar uma história melodramática – e dessa vez a culpa não é da tradução, que é literal. Mas basta uma folheada inicial para se perceber o equívoco nessa interpretação e aproveitar uma ótima leitura. Não é um livro que você vai esquecer no dia seguinte. Ao acompanhar a realidade dessas duas mulheres e finalizar o livro, senti aquela sensação maravilhosa que se tem quando se lê um livro do qual você não esperava que seria tão bom, que lhe surpreende, e lhe entrega a redenção das duas personagens. Aquela sensação de que as personagens estão vivas, e poderiam estar em algum lugar da Europa, neste exato momento. E que com certeza, o quadro de A garota que Você Deixou Para Trás está encarando alguém neste instante, provocando, respondendo, indagando e inquietando. 


P.s: Apenas depois de ler o livro, descobri que há um conto que precede a história contada no livro. Se chama “Honeymoon in Paris”, e conta justamente a história da lua de mel de Sophie e Edouard, fazendo paralelo com a de Liv e David. Creio que seja mais interessante ler antes do livro, mas a escolha é sua. Foi lançado apenas em e-reader e não creio que tenha sido traduzido para o Brasil. 



    - Laura Ribeiro.

4 comentários:

  1. Nem sabia desse conto! Mas deve ser muito interessante ler, pra complementar a história.
    Amo os livros da jojo moyes (até agora só li os três que foram citados na resenha. Meu favorito ainda é como eu era antes de você. Embora eu tenha me apaixonado perdidamente pelo par romântico da Jennifer em a ultima carta de amor.
    Eu fiquei muito agoniada com a garota que você deixou pra trás. Mas amei o final! <33 Confesso que nem notei esses errinhos que você citou. Ou se notei, não lembro mais. Estava muito absorta na leitura.
    No mais, amei a resenha. P
    Mar,
    http://sonambulismoliterario.blogspot.com.br/

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  2. Marmel, estou com Como eu era antes agora, e estou simplesmente devorando! Louca para saber o final. *-*

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  3. Gostei, Laura ((:
    Vc já leu A última carta de amor? Acho a capa tããão linda... Fico paquerando ele nas livrarias rs
    Beatriz

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  4. Oii
    Eu tenho muita vontade de ler este livro. Acho a capa linda. Ainda não li nada de Jojo pra falar verdade, mas por falta de oportunidade.
    Adorei sua resenha e saber sua opinião.
    Sobre o livro A menina que bordava bilhetes que você comentou no meu blog, eu não sei dizer ainda, pois não li.
    Gostei do blog..seguindo

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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