segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Opinião: E-Readers: Os livros irão realmente acabar?


Sempre olhei com bastante receio as matérias que indicavam que os livros de papéis que conhecemos – e amamos –hoje iriam acabar e que a tecnologia iria substituir as bibliotecas. Como muitos amantes da literatura, amo pegar livros, sentir seu cheiro, observar suas capas e notar as páginas chegarem ao fim. Para muitos é quase um ritual, como uma degustação de vinhos caros e raros. Há algo de tão poético nesse pequeno ritual, que possivelmente não poderia ser descrito em palavras, somente algumas pessoas tem o prazer de sentir a emoção de segurar um livro.

Recentemente, contrariando todas as minhas crenças, comprei um E-reeder.Sim, logo eu, que por muitas vezes tentei explicar aos outros o prazer de sentir o cheiro de um livro novo, me rendi a tecnologia. E ouso dizer: os livros não irão acabar, as livrarias não irão falir e poderemos continuar a sentir o cheirinho de livros. O porquê da minha convicção, explico abaixo.

Primeiramente ressalto que, mesmo após comprar um E-reeder, no caso o Kobo da Livraria Cultura, já cheguei a ir à livraria algumas vezes, já comprando dois livros desde então, com apenas um mês de leitor digital. Como já explicado antes, não acredito que nada possa substituir o ritual de leitura de um livro de papel e, ainda com os preços dos leitores digitais abaixando, as livrarias – Graças a Deus! – continuam lotadas.

A verdade é que os e-reeders são muito práticos, basta um simples toque e o livro já é seu, não precisamos sair de casa, não precisamos esperar alguns dias para que sua encomenda chegue, basta um simples clique e temos todo um universo novo a nossa disposição. Para alguns, entretanto, esse “simples clique” ainda não compensa em termos financeiros: a diferença de preço entre um e-book e um livro de papel ainda é muito pequena. Encontrei, por várias vezes, e-books somente R$ 5,00 ou $ 10,00 mais baratos que livros físicos. Chega a ser um incentivo para ir à livraria: todas as vantagens do livro – além da possibilidade de emprestá-lo, para quem gosta – por uma diferença tão ínfima. Talvez, por esse motivo, o mercado de e-books ainda demore a se desenvolver, poucos vêem vantagens em comprar livros digitais tão caros. A pergunta que se passa na cabeça de todos é a mesma: porque um e-book é tão caro, quando o gasto com sua venda é menor? Não precisa imprimir as páginas, elaborar capas elegantes, pagar impostos, pagar salários dos vendedores ou pagar custos com o transporte e, ainda assim, a diferença entre e-books e livros físicos é quase insignificante. Confesso que não vim aqui responder-lhes essa questão, mas se um dia descobrir, prometo divulgar a resposta.

Você, caro leitor, pode estar pensando nesse momento: mas e os sites que disponibilizam livros grátis? Confesso que baixei alguns livros por esses sites – não estou incentivando a pirataria, juro! – entretanto, encontrei alguns problemas, entre eles:

 
  1. A ausência de livros: não vejam os sites de e-books como livrarias, procurei por vários títulos e não os encontrei. Porque? Simples, eles preferem disponibilizar livros mais famosos, como as famosas séries infanto-juvenis. Não os culpo, é realmente uma maneira de trazer maior público para o site, já que a faixa etária que mais utiliza a Internet e tem uma maior abertura ao conceito de livros digitais, é a de jovens.
  2. Problemas de tradução: Muitos dos livros que eu baixei, não foram traduzidos oficialmente, erros bobos de tradução e até mesmo digitação atrapalham a leitura. A falta de uma edição e correção faz mais falta do que podemos imaginar. 
  3. Livros incompletos: tive problemas com um e-book em particular, em que ele veio sem várias páginas da historia, principalmente em finais de capítulos. Em princípio pensei, inocentemente, que se tratava de um estilo de escrita do autor, depois percebi que não era possível, pois quase nada fazia sentido. Quando fui averiguar, várias páginas do e-book estavam faltando. Acabei perdendo interesse em continuar a leitura.

De qualquer forma, se você não se importa com esses eventuais problemas nesses sites, não sinta medo, vá com fé que você provavelmente vai gostar de ter um E-reeder.

Sinto que, nesse ponto muitos podem estar pensando se eu me arrependo de ter comprovado um Kobo. A verdade é que não, tem me ajudado muito nos meus estudos (estudantes de ciência humanas, principalmente direito, irão adorar, ter como ler todos os livros em pdf, sem precisar imprimir ou tirar xérox). As ferramentas de leitura do Kobo são muito boas, com a possibilidade de procurar o significado das palavras de maneira quase instantânea, marcar frases ou páginas, publicar frases diretamente no seu Facebook, e ainda tem-se a possibilidade de levar para todos os lugares.

E além, uma promessa futura me mantém a esperança de poder aproveitar ainda mais o meu Kobo: A Kindle lançou um sistema, quase como um “Netflix de livros”, você tem acesso a todos os livros do catálogo, por uma taxa mensal. Infelizmente, o sistema só está disponível nos Estados Unidos, mas não acho que demore muito para chegar por aqui.

Se eu acho que esse novo serviço da Kindle irá acabar com os livros físicos? Ainda assim, acho que não. Somente quem tem uma pequena biblioteca em casa sabe a alegria de vê-la aumentando, e ainda temos muitos leitores conservadores, que não trocam as páginas amareladas dos livros por brilho de tela nenhum. Mas acho que esse serviço possa ajudar os leitores: as editoras podem se sentir obrigadas à abaixarem os preços dos livros físicos, e - porque não sonhar mais alto? – o governo pode até mesmo diminuir os impostos.

Para os mais ligados à tecnologia: experimentem os E-reeders, as possibilidades de leitura deles são muitas! Para os mais conservadores: os e-books estão bem longe de substituir os livros físicos – se isso um dia vier a acontecer, não se preocupem!

Para finalizar, um textinho, em que o Ariano Suassuna fala, de maneira até engraçada, sobre a "revolução dos e-books":

Ariano nunca cedeu ao computador. Nem à máquina de escrever. Preferia tecer à mão os seus belos textos literários. Por isso, foi convidado a participar de um evento no Recife, onde seriam apresentados os avanços da informática e, de quebra, a presumível morte do livro, decretada pelo advento do maravilhoso e-book.


— Quando o japonês mostrou toda aquela parafernália - contou-me Ariano - eu indaguei: "Então é nisso que vou ler livros? E quando quiser ir ao banheiro, carrego junto essa joça? Levo isso para a cama a fim de ler antes de dormir? E se cai no chão? E se a energia acaba?" O japonês ficou apertado de costura, insistindo em justificar o avanço da tecnologia. Propus um teste: "Já que você diz que vamos fazer livros nesse troço aí, vamos ver como ele escreve textos. Redija aí o meu nome: Ariano Villar Suassuna." O japonês digitou o Ariano e o bicho aceitou. Digitou o Villar e o diabo fez aparecer o corretor apontando erro e sugerindo vocábulo aproximado - "Vilão". Em seguida, digitou Suassuna. Mesma coisa. O vocábulo aproximado era "Assassino". Eu disse: "Como vou escrever numa coisa que me chama de Ariano Vilão Assassino?"

P.s.: Dei de presente para minha mãe um Kindle, e ela simplesmente adorou! Olha só a surpresa ao ver uma leitora conservadora se render ao apelo dos e-books!

3 comentários:

  1. Adorei o post! Estávamos conversando justamente sobre isso esse final de semana (eu e minha família). A gente concorda demais que os livros físicos não irão acabar.
    Eu sou dessas conservadoras, mas acho que me daria um jeito danado se conseguisse ter meus livros de psicologia num aparelho desses.
    Mar,
    http://sonambulismoliterario.blogspot.com.br/

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  2. Marmel,
    Pois é, também acredito que os livros físicos e as livrarias - graças a Deus - não irão acabar. Ora, muitos pensavam que com a Internet a televisão acabaria, e ela apenas se reinventou. Mesmo com sites como o Netflix, a tv ainda é muito utilizada.

    Se tiver a oportunidade, experimenta utilizar um E-reader, é realmente muito prático! Principalmente para nós de humanas, que temos que ler muito, poder levar seu material de estudo para todo lugar é muito bom!

    Obrigadinha por comentar!

    - Mariana Estrela.

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  3. Olá meninas, parabéns pelo blog, Bia e Mari!

    Eu também adoro o Kindle, minha mãe tem um e eu meio que o "sequestro" às vezes... rsrs quando não dá, eu me contento com o app do Kindle no iPad, recomendo!

    Abração!

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